Onde comer em Lima, Peru - La Picantería

Dez mulheres juntas no Peru. Pode isso dar certo? Foi a pergunta que me fiz repetidas vezes nos meses que antecederam essa viagem.

O bom de criar expectativas negativas é que a probabilidade de surpreender-se positivamente aumenta bastante!! ;-)

A viagem deu tão certo, a companhia foi tão maravilhosa, foi tudo tão bacana que já estamos programando nossa próxima excursão gastronômica!

Importante salientar, a razão da nossa viagem era apenas essa: comer! E começamos com o pé direito!


O La Picantería fica no popular bairro de Surquillo, a duas quadras do mercado mais famoso de Lima e bem próximo de um enorme centro de artesanato peruano.

Tradicionalmente, as picanterías eram algo semelhante às tabernas francesas do séc. XVIII, servindo caldos restauradores em mesas comunitárias para trabalhadores e viajantes.

As picanterías nascerem na região de Arequipa e receberam essa denominação por conta dos caldos picantes (há!) que serviam. Com o tempo foram desaparecendo ou modernizando-se, abandonando a atmosfera caseira e rústica que caracterizava os primeiros estabelecimentos. E é exatamente esse clima despojado e original que o La Picantería busca resgatar.

O ambiente é simples e encantador. Um hall de entrada com mesas pequenas, um bar com muitas opções da onipresente chicha de jora (fermentado feito com milho, em processo semelhante ao da cerveja) e o indefectível equipamento usado para ralar gelo pra fazer raspadinha.

O salão propriamente dito tem grandes mesas comunitárias, teto coberto de esteiras de palha e bandeirolas e cardápio escrito em lousas.

Começamos com uma rodada de pisco com rosas e eu, que gosto de ser do contra, pedi um com cítricos. A cancha (ou canchita), também onipresente nas mesas peruanas, é o tira-gosto feito com milho frito, sal e pimenta e foi colocado na mesa assim que sentamos. Raramente esse mimo é cobrado.

A casa serve carnes e peixes. Optamos pelo segundo mas confesso que quero muito provar o pato "do nosso rancho" numa próxima visita. Os peixes são vendidos por quilo e tivemos que aguardar cerca de 10 minutos pela chegada do peixeiro para escolher o nosso. Mais fresco só se ainda estivesse vivo.

Uma dificuldade que você pode encontrar se não estiver familiarizado com os pratos típicos peruanos, é entender o que eles são de fato. É claro que dá pra saber que lechón é leitão e ossobuco é ossobuco mesmo. Mas duvido que você saiba o que é um "seco de ossobuco". Ou um "chupe". Não se preocupe. O serviço, apesar de um pouco apressado, é muito atencioso e explica tudinho.

Escolhemos dois peixes inteiros e nossa atendente sugeriu os preparos: ceviche e tiradito para um e frito na parrilla para outro.

É a cozinha como deve ser: o melhor e mais fresco ingrediente com o mínimo de interferência do cozinheiro. O sabor é inigualável, tá dando água na boca só de escrever sobre ele aqui...

De sobremesa fui de chupete de lúcuma, fruta típica peruana. O mais bacana é que a atendente traz a caixa de isopor até a mesa para você escolher seu chupete, que nada mais é que um sacolé (como chamamos o suco congelado em saquinhos plásticos aqui em Sampa).

Um detalhe lindo que me deixou ainda mais apaixonada pelo lugar foi a pia do banheiro: um tacho de ferro de época sobre uma base cheia de lenha que remete a um braseiro, como os que haviam nas cozinhas abertas das antigas picanterías e uma janela como espelho... Muito amor!!

Vai lá:

Francisco Moreno 388
esquina com Gonzales Prada
Surquillo
de terça a domingo
das 11hs às 17hs

P.S. Mais importante que o número da rua é saber qual o cruzamento. Nenhum taxista tem GPS, mas essa é uma outra estória...

2 comentários:

  1. Demais! Vou colar seu post lá no meu :-) E o melhor de tudo foi mesmo a companhia. Beijos <3

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    1. Que bom que vc gostou, Lu! Vou fazer uma série com cada restaurante que fomos e no final vou colar seu post tb ;) E que venha Belém!!!

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